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Especialistas alertam que alguns brinquedos e até mesmo os tradicionais enfeites podem causar problemas como choques, traumas e asfixia.


Max Milliano Melo

No Brasil morrem, por ano, 5,3 mil crianças, vítimas de acidentes. Outras 137 mil vão parar no hospital devido a quedas, arranhões e traumas, sendo que a maioria desses episódios ocorre dentro de casa. Os chamados acidentes domésticos são a principal causa evitável de morte de crianças com menos de 13 anos no país. Com a chegada das festas de fim de ano, os presentes e a decoração festiva merecem atenção extra dos pais, pois podem se tornar perigosos para os filhos. Um brinquedo com peças pequenas, um pisca-pisca com o fio exposto ou uma bicicleta usada sem equipamentos de segurança podem transformar o Natal em uma data triste.

O pediatra Aramis Lopes Neto, diretor do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), alerta que o principal risco pode estar justamente na parte preferida das festividades de fim de ano para muitas crianças: os presentes. “Em geral, as crianças acabam recebendo muitos presentes. Se eles não estiverem de acordo com as normas de segurança para cada idade, podem causar sérios problemas”, aponta.

O especialista explica que o perigo de acidentes é potencializado quando a origem do brinquedo não é conhecida. “É importante que os pais evitem comprar brinquedos cuja origem não é conhecida, como em camelôs. Antes de deixar a criança brincar, é importante observar se o produto possui o selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Esse selo atesta que o brinquedo passou por testes e garante a segurança”, completa o pediatra. “Mesmo que a criança ganhe o objeto de algum parente, é importante que os pais só a deixem brincar depois de observar esses aspectos”, ressalta.

Para a coordenadora de Mobilização da ONG Criança Segura, Jaqueline Magalhães, os riscos que envolvem as festas de fim de ano são diferentes de acordo com a idade. “Para os mais pequenos, de até 3 anos, o perigo maior é de asfixia, já que nessa idade as crianças tendem a colocar tudo o que encontram na boca”, explica. Portanto, nesse período, bolinhas de Natal, pequenos enfeites e brinquedos com peças pequenas devem ser evitados, especialmente por quem tem criança nessa faixa etária.

A partir dos 4 anos, a criança já corre e brinca de maneira mais independente, e, portanto, está mais exposta a quedas. Dos 8 anos em diante, o risco está relacionado a brinquedos mais tecnológicos. “Nessa idade, as crianças já ganham eletrônicos e outros aparelhos que são ligados na tomada. Por isso, cresce o risco de choques e queimaduras”, completa Jaqueline.

Segurança

A solução nesses casos, além de manter a vigilância sobre os filhos, pode ser bastante simples. “Quando der para uma criança esse tipo de presente, é importante dar também equipamentos de segurança”, ensina Jaqueline, da Criança Segura. “Assim, você diminui muito a possibilidade de essas quedas, que são completamente normais e naturais, terem uma consequência grave.”

A atenção com o tipo de brincadeiras dos filhos sempre foi constante para Jorgina Martins, 36 anos, mãe de Artur, 9, e Ingrid, 12. “Quando meus filhos eram pequenos, eu tinha que ficar sempre de olho. Criança é muito curiosa, então, um minuto que se desvia a atenção eles podem aprontar alguma”, afirma. Agora que os filhos estão mais velhos, a atenção mudou de foco, mas não diminuiu. “Eles querem brincar na rua, onde o risco de acidente é grande”, conta a mãe. Sobre o risco nas festas de fim de ano, a mãe tem a sua fórmula: “Só deixo eles brincarem com jogos feitos para a idade deles. Acho que isso, somado à constante atenção no que eles andam fazendo, já é suficiente para mantê-los protegidos”, conclui.

Teste

O pediatra Aramis Lopes Neto indica um teste simples para os pais saberem se os brinquedos dos filhos são pequenos demais: “Basta utilizar como referência um daqueles rolinhos de papelão que vêm no papel higiênico”, ensina o médico. “Ele é mais ou menos do diâmetro da garganta de uma criança. Por isso, se o brinquedo passar por ele, é sinal de que é pequeno demais e pode ser engolido”, afirma. “Caso contrário, o tamanho é seguro. Se não houver nenhum risco de alguma peça se soltar, ele pode ser liberado para os menores”, completa.

Afogamentos

Para quem vai aproveitar o verão em praias e clubes, um alerta especial. “Em janeiro, aumentam os casos de afogamentos. Portanto, além de ficar de olho, os pais devem manter os filhos sempre com coletes salva-vidas”, explica Jaqueline Magalhães, da ONG Criança Segura. “Isso evita que, caso a criança escape dos olhos dos pais por um minuto, haja risco de um acidente mais grave, já que, com os pequenos, todo cuidado é pouco.”

CADA IDADE, UM PERIGO

Até 4 anos

  • Principais riscos: Nesta fase, a criança tende a colocar na boca tudo o que encontra. Por isso peças pequenas podem causar asfixia. O desenvolvimento do equilíbrio e da força nos braços ainda está começando. Assim, afogamentos em banheiras e baldes também são frequentes
  • Cuidados: A dica é evitar que a criança permaneça sozinha, especialmente durante os banhos, além de não deixar que ela brinque com objetos pequenos

4 a 8 anos

  • Principais riscos: A curiosidade está cada vez mais intensa, por isso crianças nessa idade sofrem um risco maior de choques e queimaduras causadas por aparelhos eletrônicos. Na cozinha, panelas e materiais de limpeza também representam risco de queimaduras e envenenamentos.
  • Cuidados: Vale conversar e explicar sobre os perigos. Embalagens em lugares altos e cabos de panelas protegidos também garantem mais segurança

8 a 13 anos

  • Principais riscos: Quedas são o perigo mais eminente. Skates, bicicletas e patins podem custar braços e pernas quebrados. Aparelhos de beleza, como chapinhas e secadores, também podem causar choques e queimaduras
  • Cuidados: Se der bicicletas, patins ou skate de presente, dê também protetores, como capacete e joelheiras. Acompanhe a criança quando ela for usar equipamentos que funcionam com eletricidade, e oriente-a para nunca utilizá-los com o corpo molhado ou descalça

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